Índice:
A Sereia e a Catarse do Medo
Catarse e Iara
Catarse em Aristóteles
Catarse no Drama
Para que serve essa tal de Catarse?
A origem da Catarse
Aplicação Catártica na Comunicação
Prepare suas malas, porque vamos viajar!
1. A Sereia e a Catarse do Medo
Iara, também conhecida como “Mãe d’Água”, é uma das figuras mais enigmáticas e sedutoras do folclore brasileiro.
Ela é descrita como uma bela mulher de longos cabelos negros e olhos penetrantes, metade humana e metade peixe, que vive nas águas dos rios amazônicos.
Sua beleza é hipnotizante, e seu canto é tão melodioso que nenhum homem consegue resistir.
Dizem que, ao ouvi-lo, os homens se tornam como que enfeitiçados, abandonando tudo para segui-la até as profundezas dos rios, onde acabam desaparecendo.
A origem de Iara é frequentemente contada como a história de uma guerreira indígena, uma mulher corajosa e habilidosa que era admirada por todos os membros de sua tribo.
No entanto, seus irmãos, invejosos de sua força e do respeito que ela recebia, conspiraram para matá-la.
Iara, ao descobrir a traição, lutou bravamente e acabou matando-os em legítima defesa.
Atribuída de culpa e consumida pela dor, ela fugiu para as profundezas da floresta.
Acreditando que não havia mais lugar para ela entre os vivos, Iara se jogou nas águas do rio.
Mas, ao invés de morrer, foi transformada em uma sereia pela força mágica das águas.
Agora, como um ser sobrenatural, ela expressa toda a sua dor e a profundidade de seus sentimentos através de seu canto, atraindo os homens para compartilhar de sua tristeza e solidão eternas.
2. Catarse e Iara
A história de Iara é um exemplo perfeito de catarse, pois explora temas de paixão, culpa, traição e redenção através do mito.
A transformação de Iara de uma guerreira humana para uma entidade sobrenatural é uma forma de purgação emocional.
Sua dor, sua culpa e sua tristeza são tão intensas que ela se torna algo além de humano, algo que incorpora essas emoções em sua forma mais pura e inescapável.
O canto de Iara, que atrai os homens para a morte, pode ser interpretado como uma manifestação do desejo de compartilhar sua dor.
Seu desejo de fazer com que outros experimentem a intensidade das emoções que a transformaram.
Aqueles que ouvem seu canto não apenas se tornam vítimas de sua beleza, mas também participam, de certa forma, da sua tragédia pessoal.
Ao se entregarem ao seu feitiço, esses homens experimentam uma espécie de catarse — uma purgação final de suas emoções através do confronto com o desconhecido e o inescapável.
Para o ouvinte ou leitor da lenda, a catarse ocorre ao experimentar a dor de Iara e ao refletir sobre os perigos do desejo e da culpa não resolvida.
A lenda serve como um aviso e, ao mesmo tempo, como uma oportunidade de introspecção.
Ao nos confrontarmos com a história de Iara, somos levados a considerar nossas próprias emoções profundas, nossos medos e nossas paixões, e a encontrar uma forma de lidar com elas.
Na vida moderna, a lenda de Iara pode ser vista como uma metáfora para as emoções intensas que muitas vezes reprimimos ou ignoramos.
Mas que inevitavelmente encontram uma forma de se manifestar.
A história nos lembra da importância de reconhecer e purgar essas emoções, de modo a evitar que elas nos consumam ou nos levem a caminhos de destruição.
3. Catarse em Aristóteles
Na Poética, Aristóteles define a tragédia como uma forma de imitação (ou mímesis) de uma ação séria, completa e de certa magnitude.
Ele argumenta que a tragédia, através de eventos que despertam piedade e medo, provoca no espectador a experiência da catarse (katharsis em grego), que pode ser traduzida como “purificação” ou “purgar” dessas emoções.
Aristóteles acreditava que a catarse era o objetivo final da tragédia, um processo pelo qual o espectador experimentava uma purificação emocional.
Ao assistir a uma tragédia, o público é levado a sentir profundamente as emoções de piedade pelo herói trágico e medo de que algo semelhante possa acontecer a si mesmo.
Essas emoções são intensificadas ao longo da peça e, no clímax, encontram uma liberação ou purgação.
4. Catarse no Drama
No contexto dramático, a catarse não é apenas a liberação de emoções, mas também um processo de transformação.
O público, ao vivenciar essas emoções intensas, experimenta uma forma de alívio, o que resulta em uma sensação de renovação ou clareza mental.
Através da catarse, os espectadores são capazes de enfrentar e processar suas próprias emoções, medos e ansiedades de maneira segura e controlada, dentro do contexto da história.
5. Para que serve essa tal de Catarse?
Aristóteles viu a catarse como uma forma de terapia emocional coletiva.
Ao expor o público a situações extremas e às consequências inevitáveis das ações dos personagens trágicos, a tragédia proporciona uma experiência emocional intensa, mas controlada.
Após essa experiência, os espectadores saem do teatro com uma compreensão mais profunda da condição humana e com suas emoções negativas purificadas.
Em resumo, a catarse é a purificação emocional que o público experimenta ao assistir a uma tragédia.
Ela é fundamental para o impacto do drama, pois permite que as pessoas confrontem suas emoções mais profundas e perturbadoras, encontrando alívio e entendimento no processo.
Aristóteles viu na tragédia uma ferramenta poderosa para o crescimento moral e psicológico, acreditando que a catarse ajudava a manter o equilíbrio emocional e a saúde mental da sociedade.
6. A origem da Catarse
Esse trecho vou dedicar ao Christopher Vogler, autor do meu livro de estudos favorito.
Para encontrar as origens do drama, da narrativa, da arte, da religião e da filosofia, precisamos lançar nossa mente de volta ao tempo em que os seres humanos estavam nos primeiros estágios do desenvolvimento.
Graças a alguns poucos milagres de presevação, temos janelas para a alma desses tempos, através das pinturas e esculturas rupestres maravilhosas que sobreviveram por quarenta mil anos.
(Página 422 d’A Jornada do Escritor.)
7. Aplicação Catártica na Comunicação
A catarse oferece inúmeros benefícios para produtores de conteúdo, escritores e palestrantes, porque é uma ferramenta poderosa para criar uma conexão profunda.
E é capaz de provocar reações emocionais intensas. Aqui estão alguns dos principais benefícios:
1. Criação de Conexões Emocionais Profundas
• Engajamento Autêntico: Ao provocar uma catarse, o produtor de conteúdo ou palestrante consegue conectar-se emocionalmente com o público, criando um laço mais forte.
Quando as pessoas se sentem compreendidas ou são levadas a confrontar suas emoções, elas tendem a se engajar mais profundamente com a mensagem.
2. Memorabilidade
• Impacto Duradouro: Conteúdos que induzem à catarse são mais memoráveis.
O público tende a lembrar-se de histórias, palestras ou textos que os emocionaram profundamente, o que pode aumentar a retenção da mensagem e o impacto a longo prazo.
3. Humanização
• Autenticidade e Vulnerabilidade: Quando um criador de conteúdo compartilha histórias que envolvem sofrimento, superação ou momentos catárticos, isso humaniza a mensagem.
Demonstrar vulnerabilidade e emoções genuínas pode ajudar a construir confiança e credibilidade.
A catarse faz parte de quem você e eu somos.
É difícil evitar uma catarse ou reação emocional quando se entra no fundo de uma caverna. Afinal, sobrevivemos e contamos as nossas histórias ali.
8. Prepare suas malas, porque vamos viajar!
Daqui sete dias, farei uma viagem em direção a Belo Horizonte para participar de um dos maiores eventos de marketing digital do Brasil (talvez da América Latina): o Hotmart Fire.
Viveremos juntos uma verdadeira catarse.
Pão de queijo, palestra do Neil Patel, pernil, palestra com grandes representantes de empresas da Creator Economy, pão de queijo recheado de carne assada, ideias valiosas coletadas e anotadas, feijão tropeiro…
Ou seja…
Vamos viver juntos uma baita aventura.
Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, todo o conteúdo da viagem será documentado e compartilhado somente com os assinantes pagos do Ninho Narrativo.
O nosso dashboard de narrativas (Ninho Narrativo no Notion) foi reformulado.
Agora, teremos um diário de viagem acontecendo por lá.
E, não, nem vem. Nem tenta. Nem mesmo no Instagram eu vou mostrar os bastidores do evento. Por lá, só vou mostrar as comidas, fazer umas fotos… e ponto.
É no Notion onde o conhecimento será todo concentrado.
E para fazer parte, a única coisa que você precisa fazer é tocar no botão abaixo.